UM AMIGO COMO EU era uma idéia de um recurso terapêutico, que que virou um projeto para divulgar a necessidade de ter brinquedos e brincadeiras que ajudem crianças que estão passando por procedimentos invasivos ou dolorosos a elaborar sua angustia e aliviar seu sofrimento.
Quando uma criança adoece ela pode passar por procedimentos temporários ou permanentes em seus corpinhos, como uso de sondas de alimentação, que entram pelo nariz ou pela barriguinha e vão até o estômago ou traqueostomia, quando é feito um buraquinho no pescoço para poder respirar melhor.
Uma criança hospitalizada em 24 horas, passa por 3 equipes de enfermagem, mais uma ou várias equipes médicas (dependendo de quantos especialistas estão envolvidos no caso), além de ser submetida a inúmeros exames que são necessários, mas muito traumatizantes. O hospital trata a doença, mas aos olhos de uma criança, o contexto é extremamente estressante e assustador.
Mesmo após a alta hospitalar é comum que crianças que passaram por este tipo de intervenção possam ainda estar em tratamento, mantendo esses “equipamentos” por meses, anos ou até de forma permanente.
Portanto, reproduzir a condição diferente da criança em um boneco(a) leva esta criança a conseguir expressar melhor seus sentimentos através do lúdico. Ela brinca de cuidar e tratar seu amigo, assim como ela é cuidada e tratada e consequentemente consegue continuar seu tratamento com mais leveza e menos estresse.
Na maior parte dos casos a construção do UM AMIGO COMO EU é realizada junto com os pais. É comum usarmos algum boneco, boneca ou bichinho de pelúcia que já seja da criança, aproveitando a afetividade já envolvida naquele brinquedo. O material para os “implantes” também pode vir da própria família ou podemos fazer adaptações de outros materiais para ter o mesmo efeito. O fato dos pais serem ativos na confecção do brinquedo também ajuda os pais a superarem o trauma gerado pela doença do filho. Os bonecos normalmente são batizados com um nome escolhido pela criança ou pelos pais. A expectativa é que em uma reinternação hospitalar o boneco possa ficar “internado” junto com a criança, recebendo os mesmos cuidados.
Lembrando que as bonecas modificadas são somente ferramentas para lidar com este momento!!!
Devemos ajudar a criança a construir uma brincadeira simbólica com os brinquedos. Reproduzir com os bonecos as rotinas da criança, nomear as sensações ruins que geram estresse, falar pelos bonecos ou falar como se o boneco fosse uma outra criança, levam a criança que sofre a brincar ativamente com seu maior medo ou desconforto.
Heloíse com bonecas Clarinha e João, no HCSA (out 17)
Bebe brincando com outros bebê, mas uma tinha a mesma sondinha que ele...
Lorenzo e seu amigo Mikey, esperando a dieta e fazendo brincadeiras de boca.
Dodô, Zoiúdo e eu, brincando de papá.